segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Minima-mente minissaia!


Photo by © Niro


Vivemos numa época de indiferença e desdém para com o próximo. O combustível primordial hoje é a vaidade pessoal, a necessidade de reconhecimento a todo custo, a autopromoção. Nada mais em baixa que o sentimento de alteridade. Veja o episódio da moça da Uniban. Nunca vi nada mais grotesco no meio universitário. Lembrei-me dos escritos de Rabelais. Parecia um festival medieval de execração pública ou  um deleite das massas diante de um pobre coitado submetido à humilhação generalizada, que remetia, por sua vez, aos espetáculos dos gladiadores romanos.

Quando entrei na USP, nos anos oitenta, estava em voga o visual punk, new wave, uns looks assustadores, mas fazia parte daquele meio, um código tácito de tolerar ou ignorar aquilo. Lamentável o nível a que chegamos. Que juventude é essa que não consegue conviver com a diversidade, logo num mundo onde ela é alardeada em verso e prosa? Ainda que a moça estivesse em trajes sumários e inadequados para o ambiente universitário, onde há um acento sobre questões de natureza intelectual, que direito aqueles alunos teriam de troçar e tripudiar sobre a moça?  Lembrei-me de um texto contundente de Rubens Alves em que ele disseca a bestialidade da ação do homem dentro da massa. Ali, ele faz uma clara distinção entre o indivíduo moral e a massa amoral.

Sandra Bittencourt
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 Corroborando Sandra, a foto que postei também é mini. A visão do TODO depende do alcance da mente de cada um! Alteridade é para poucos! Niro



3 comentários:

  1. A foto by Niro é belíssima! E as pernas tb!

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  2. E eu concordo c vcs: diante do tamanho da reação dos universitários e da repercução no mass-mídia, cheguei a pensar q a estudante estava frequentando a faculdade não só de minissaia-sumária-e-inadequada, mas tb SEM CALCINHAS!

    Fato é q a teoria psicanalítica aplicada à análise da cultura pode nos sugerir q a natureza humana não "evolui" através dos tempos, e sim o "contrato social" ou as regras de enredamento civilizatório. Pois, como canta Caetano Veloso: NARCISO SEMPRE ACHOU, SEMPRE ACHA E SEMPRE ACHARÁ FEIO AQUILO QUE NÃO LHE É ESPELHO. Ou seja, não é de estranhar q o ser humano de vez em qdo mostre quem é q ele continua sendo em seus desejos, conscientes ou inconscientes, individuais ou coletivos: NARCÍSICO. O q é de estranhar, o q parece anacrônico, é a manifestação desta psiqué humana-sempre-humana em um formato, como diz Sandra: medieval ou romano. Afinal, é fato q toda esta intolerância coletiva-reativa vinda de universitários parece mesmo um "retrocesso".

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  3. E, concordando c Niro: TOLERÂNCIA [para com as alteridades de si mesmo] É PARA POUCOS !!!

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